De certo modo, sempre imaginei que eu fosse uma espécie de escritor. Seja na escola, escrevendo meu primeiro poema porque a professora mandou, seja em casa me expressando através de palavras pra tentar entender o mundo externo e o mundo interno. Desde que eu me conheço, e isso já faz um bom tempo, eu tenho a estranha mania de ver o mundo de uma forma diferente do que é comum, e eu não sei se isso é bom ou ruim, eu só sei que isso faz parte de mim. Eu tenho uma mente fértil que às vezes me leva ao paraíso e às vezes me leva ao inferno, não é muito fácil viver nessa gangorra da vida, mas no fim das contas ela vale a pena, ela faz parte de mim. Ao mesmo tempo em que tenho às sombras que por vezes guardo no escuro porão da memória (e que de vez em quando eu visito lá pra tirar às teias de aranha) há também em mim o lado claro da lua, que sobrevoa um pôr-do-sol num dia tão quente. Eu acho que ao mesmo tempo em que eu sou abrigo, eu também sou solidão, ao mesmo tempo que sou punk, sou um blues man no meio de um campo de centeio, eu sou dez e ao mesmo tempo sou um, um milhão e às vezes 100% de nada. E eu acho que talvez eu seja como Fernando Pessoa, com vários eu's e várias pessoas.
Yago Conforte.
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