F(ÀS) Partes de Mim.

 De certo modo, sempre imaginei que eu fosse uma espécie de escritor. Seja na escola, escrevendo meu primeiro poema porque a professora mandou, seja em casa me expressando através de palavras pra tentar entender o mundo externo e o mundo interno. Desde que eu me conheço, e isso já faz um bom tempo, eu tenho a estranha mania de ver o mundo de uma forma diferente do que é comum, e eu não sei se isso é bom ou ruim, eu só sei que isso faz parte de mim. Eu tenho uma mente fértil que às vezes me leva ao paraíso e às vezes me leva ao inferno, não é muito fácil viver nessa gangorra da vida, mas no fim das contas ela vale a pena, ela faz parte de mim.  Ao mesmo tempo em que tenho às sombras que por vezes guardo no escuro porão da memória (e que de vez em quando eu visito lá pra tirar às teias de aranha) há também em mim o lado claro da lua, que sobrevoa um pôr-do-sol num dia tão quente. Eu acho que ao mesmo tempo em que eu sou abrigo, eu também sou solidão, ao mesmo tempo que sou punk, sou um blues man no meio de um campo de centeio, eu sou dez e ao mesmo tempo sou um, um milhão e às vezes 100% de nada. E eu acho que talvez eu seja como Fernando Pessoa, com vários eu's e várias pessoas.

                                                                                                              Yago Conforte.

Não ouse desistir de tudo que você sonhou.

Em uma das minhas reflexões do dia a dia, em meio a textos, artigos, vídeos e podcasts, pude perceber que a mediocracia em que a gente se encontra, cada vez mais tem sonhos e desejos pessoais estruturados em cima de um desejo coletivo, e o pior é que isso é feito tão inconscientemente que nem às pessoas percebem. Tudo bem ser um pouco bovárico e buscar raízes sólidas pra jogar isso dentro de um liquidificador e chamar de seu, todo mundo em alguma escala faz isso. Mas a partir do momento em que todos pensam de forma igual ou parecida, parece que há algo de errado. Nós somos muito mais do que protozoários que só sobrevivem e se reproduzem, temos um sistema límbico complexo, cheio de vontades e desejos, e somos muito mais do que eles (o sistema) quer que a gente seja. Mas parece que estamos sempre entrando nessa roda que gira e movimenta, orienta o teu lugar. Com o advento da internet nos últimos 10 anos, somos bombardeados com todo tipo de notícias, algumas mais superficiais que outras, notícias que às vezes interferem no nosso modo de pensar e de entender o mundo, mais do que isso, muda nossa percepção das coisas. É um fato consumado que a internet tem o poder de uma revolução de conhecimento, isso é claro, se você souber usá-la pra aumentar seu intelecto com notícias e informações nutritivas, porque de notícia catastrófica já nos basta a mídia. Aliás a mídia e a mediocracia andam lado a lado, de mãos e quem sabe, de pés juntos. Imagino eu, que pra sabermos de fato o que somos em essência (até porque personalidade podemos moldar da forma que quisermos) devemos buscar às raízes mais intrínsecas dentro de nós, e sempre ouvirmos nossa voz, é ela quem diz quem a gente vai ser. 

''Vamos olhar pra dentro de nós, vamos deixar essa bobagem de esquecer a nossa voz. Ela quem diz quem você vai ser, se lembre porque o tempo pode não permanecer. Talvez o rascunho que é a tua vida vire lixo na calçada, na estrada-fantasia.'' 

                                                                                            Yago Conforte.