segunda-feira, 31 de agosto de 2020

132 anos.



Hoje Uberlândia completa 132 anos, e há 22 anos eu vivo e morro o tempo todo nessa cidade; na solidão dessa cidade. Ela me acompanha desde o meu nascimento, e acho que no triângulo mineiro ninguém mais me conhece do que ela. Tenho minhas preferências de alguns lugares daqui, sempre que posso, gosto de visitar os bairros antigos daqui, eles me remetem algo que não sei o que é (acho que já li algo sobre esse se sentimento de ter saudade de algo que não viveu). Gosto também dos biomas daqui, em particular do cerrado. Vivi metade da minha vida em um dos bairros mais antigos daqui, porque ficava perto do hospital/laboratório que minha mãe trabalhava, e isso me fez lembrar do quanto eu gostava de visitar o hospital, eu queria ser médico. Com o tempo eu percebi que não tenho vocação pra isso, e na verdade não tenho vocação pra muitas coisas, eu gosto de escrever músicas e tocar contrabaixo, e gosto das minhas composições; nunca fui um bom músico ou escritor, mas eu gosto do que escrevo e toco, fazem parte de mim. Essa cidade conseguiu, consegue e acho que conseguirá sempre ver cada passo meu, seja criança querendo ser médico, o adolescente lendo Albert Camus e se sentindo um estrangeiro, ou os 22 anos quase adulto que ainda, em pensamento, é um astro do rock, e que ainda tem na parede do seu quarto o quadro de um quarteto de Liverpool atravessando a rua. É, Uberlândia, eu acho que ainda verei muitos aniversários e provavelmente teremos muitas histórias pra serem escritas. 
 
                                              Yago Conforte. 

Idade das Pedras.



É engraçado como algumas músicas que escrevo parecem surgir do nada e de uma forma tão natural quanto acordar banhado em suor num dia quente no mês de Agosto. Será que elas ficam escondidas dentro da gente só esperando para serem geradas? Será que ficam no inconsciente? No subconsciente? Será que Freud ou Jung explica? Será que alguém consegue nos explicarmos? É... Eu acho que não, mas eu também acho que nem tudo precisa de uma explicação, algumas coisas só têm que ser vividas e não devemos procurar uma razão explícita pra tudo. Afinal pra quê serve? E pra quem serve? Deixemos às explicações para os cientistas e fiquemos com a nossa subjetividade. Aliás, eu acho que nossa subjetividade é o que nos move e é o que nos constrói a cada 2 segundos de uma vida banal, ou não. Recentemente tenho refletido bastante no que diz respeito ao tempo (seja ou não 2 segundos) que nós temos e no tempo que jogamos fora. Vai ver é por isso que não temos mais escritores como Flaubert, cineastas como Glauber Rocha, ou compositores como Chopin. Tá legal meu, esses caras já vieram e fizeram o que tinham que fazer, mas parece que cada vez mais estamos escassos de bons artistas. Ou talvez o mainstream esteja escasso de bons artistas. O fato é que nossa criatividade, que ao meu ver é gerada no subconsciente, está cada vez ficando mais estagnada, e já não é segredo pra ninguém que pedras que rolam não criam limo, então talvez esteja na hora de fazermos igual os Stones, e nessa idade das pedras que estão criando limo, começarmos a rolar. Quem sabe, de repente, não surge um Drummond, né? 

"Onde estão as cidades criadas? Cadê nosso pai da arquitetura? O pós moderno não é pose pra nós, resina do eterno é pura aventura." 
 
                                                     Yago Conforte. 

Eterna Frequência.

Contaria também os dedos de suas mãos, suas doces e calejadas mãos que sempre conseguem me sentir e me moldar. Como eu amo e venero seus láb...